terça-feira, setembro 11, 2007

é eu tbm..

quinta-feira, maio 24, 2007

Agora

Esculpir começos,
Entender os fins,
Entreter nos meios.

E então, aceitar o(s) quase.

sexta-feira, março 09, 2007

Louça só

Há três coisas que me fazem sentido
duas delas só fazem sentido pra mim
da outra não vale a pena falar

eu não caibo
eu não rio
eu não raio
eu nem sei

consigo só enganchar interrogações no cabelo enrolado
eu é que sou enrolada
enroladinha no coberto de lã

e o meu mundo é validado quando alguém me fala:
canequinha esmaltada
como cabe tanto lirismo numa louça só?

eu queria ser esmaltada da alça gasta
eu queria ser a canequinha
e ter coisas que fazem sentido

Terço da misericórdia

Não guardo
Desperdiço
Não travo
Destrambelho
Não cavo
Descabelo
Só construo com clara
batidinha
incha,incha
nem cai da vasilha
e agua logo
ainda exijo vasilha de vidro marrom
que despedaça
Se tivesse agora um salvador na cruz
rezaria por mim
Eu que nem sei bem o que faço

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

&&

CA TE DRAL
CA
CA
CA
CA
CAga um passarinho no sino
.................................................nimo

&

M E T Á F O R A
META ÂNFORA---------- cabe descabe
ETA............................................descabido
ETA CARINAE
ETA...................M.........................M..........................fenômeno brilho
M.............................instabilidade
M....................................bilis
M
GEME
porque tem que fazer barulho

Arranhando o céu

Havia um xadrez de estrela
Havia uma estrela de xadrez
Havia um céu esperando
Havia uma jogada de mestre
Havia um Deep Blue
Havia um rei no xadrez
Havia uma quase uma rainha
Havia um nada de reino
Havia e não havia
a mulher de origami
brincando de ler Antônio Vieira

Para quê tanta existência?


escândalo
máquinamundogirando
logística

um gatilho programado
entende?

Ana Rita

domingo, fevereiro 11, 2007

imensidão

Ninguém me completa,
Por que sou inteira,
Não em demasia,
Mas suficientemente inteira.

Não me procure para dividir momentos,
Só corro atrás do indivisível,
Sem nada “pra sempre”, que me falte depois,
Sou feita de partes que se realizam deslocando-se,
Sou completude itinerante,
Sou inteira, mas não sou bastante.

Em suma, preciso de quem me some,
Somar, e sumir com essa suficiência.
Outro alguém inteiro, que não engodo,
Que SE FAÇA parte da minha completude,
Que ME FAÇA parte do seu todo.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

poetiz ação

Produção encaixa no orçamento !?!
Poética
.............caixa baixa
.............caixa alta
.............é o nome
............claquete
.....................................estrelo
.....................................estrela
.....................................extremo
só as figuras viram capa
.........de linguagem
corta
.................do orçamento
FIM
Cuspe

Lipoaspiração
Lipoinspiração

Limpo

Vontade agora
de engordurar
o carburador


****


Tributo

Triturar o úmido é empastar
Atritar o fundo é explorar
Desnutri o útero é ovular
Cabe aqui a máxima:
quem viver verá!

Forçando

Busco o paradigma eclético da loucura
Desmembrando a hermeticidade da sua cintura
Mais vale uma mão voando
Que duas no pássaro
Os construtivos isotérmicos moldam o infinito da fruta obscura
É a minha hipermetropia sobre a sua fissura
Poema antingo escrito as vésperas do ano novo numa caderneta amarelada e caneta falhando

Desejos pueris

ano novo, vida nova.
há muito que as boas surpresas
se represaram do lado de lá.
de natal pedi um martelo
e de ano novo peço atitude
para molhar os pés e quebrar essa barragem.

ando precisando de um ano encharcado,
encharcado de desejos
desses que tiram o sono da gente.
preciso de um ano que não me deixe quieta,
que me faça levantar as pernas
e dar a língua para a tristeza.

ano novo que venha abençoado
pelas forças ocultas que moldam
o crepitar das coisas.
quero isso crepitar, levitar estalando.
com todo o sentido descordenado

me tragam na mesa um ano novo
que não me farte,
que aumente minha fome.
quero uma grande euforia, uma pândega só!

preciso de um ano com cara de ciranda
que me tire as sandálias
e me faça rodar e cantar.
esquecendo do ano, esquecendo da roda...
até cair em si
com cabeça tonta e feliz.

"não vale a pena sonhar..."

O vento põe a saia pra cima
Antes fosse a poeira de cá de dentro
Oras, os macaquinhos do sótão andam alérgicos
Nunca entendi muito bem de ventos
Mas de poeira...
Essa assenta, solta
Eu expiro e ela insiste
Poeira é essa doença que me impregna
Aí eu fico querendo
virar canção
dessas de Nelson Gonçalves
Em dó maior e alto nível de alcóol
Com olhar para embebedar
a Lua da sua rua

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Cirurgia

Exo
Lexo
Reflexo
Lexo
Exo

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Dez furos irresolutos,

Problema deles se cairam na caixa torácica errada,
Ai deles se erraram o endereço.

sábado, janeiro 13, 2007

Cansei de falar de gostar.
morro de vergonha dessa dor.
proponho-me parar de gozar,
pra ninguém pensar que é amor.

Cansei de querer ser sua
e não fazer a mínima diferença,
mesmo sabendo que não sou,

e não sou mesmo.

só cansei,

vou levantar dessa cama,
aprender a dizer não,
e vestir minha roupa feminista.

você pode vir atrás se quiser.
eu vou gostar,
volto até a gozar com você.

mas só se quiser mesmo,
não quero quem não sabe o que quer.
não sou de quem não sabe se me quer.

Não quero só quem goze,
quero quem goste.
Ou ao menos queira gostar.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Patologia psíquica

Chuva rasgando a calçada
Ponho meu olhar de pará-brisa
Minhas galochas brancas
E uma capa amarela
Corro atrás da begônias de plástico
Quem as colocou na janela?
Cadê aquele vasinho azul?
Estático vasinho azul
Despedaçado num só vento
Tocam Tchaikovsky na TV
Engulo as pastilhas rosas
Não me encaixo no vestido
E ainda faltam duas horas pra ser feliz
A cortina é de seda branca
Pôr-do-sol ao contrário amanhece?
E dizem que o chineses já estão dormindo
Eu gosto de sopa e Mafalda não
As maçãs entopem a geladeira
Me compre um colírio
Ache o fim do poema
Tudo termina onde começou
Chuva rasgando a calçada

mão na cabeleira

pipoca
pipoca
pipoca
pipoca

pioca
pioca
pioca
piolho
piolho
coça
caça
coça
coça
pipoca
pipoca
pipoca

Embrulho

Embrulho-me
posso presentear
Presente de grego
Um grande elefante branco
Presente de indiano
Que tal um cheio de laços e fitas
Com papel barulhento
laminado
Enrolado feito peixe no jornal

Embrulho-me
Embrulho é
o seu estômago
Sem laço,
nem fita,
nem barulho,
Eu me fortaleço
na sua náusea

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Tabuleiro.

Não jogo dados.
Não sou um jogo de dados.

Sou o dado.

Soldado do meu próprio jogo.

Soldado no meu destino frio, metal.

Soldada, feminista.
facil,
Sou dada.
me dou.
e deu está dado,

mas eu não jogo dados.
Eu sou o dado.
Soldado.

e é guerra!

terça-feira, janeiro 02, 2007

Solitude Sustentavel

Regredir:
Envolver-me.

Desenvolver:
Des- envolver-me.
Se você quisesse, e Drumond deixasse,
eu tropeçava nessa pedra no caminho e cairia de quatro na sua cama.

obsessão

Despertar olhos desatentos
Saciar olhos famintos
Lipospirar olhos gordos
Enterrar olhos profundos
Alegrar olhos tristes
Encher olhos vazios
Trazer olhos distantes
Afogar olhos de peixe
Levantar olhos caídos
Assassinar olhos mortais
Quebrar olhos de vidro
Confundir olhos de lince
Prender olhos de protesto
Fazer você olhar pra mim,
E lhe cegar para o resto.

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Não sou do tipo que guarda sonhos.
Prefiro extravasa-los.

Sonhos e as coisas "pra sempre"só existem enquanto são.
depois de guardados, só servem pra reCORdar.

E ninguém sabe os sonhos decor[E]
o suficiente,pra revive-los ou ressonha-los.

Guardar sonhos, é como viver de lembranças não vividas.
É encher o coração de espectros do que poderia ter sido, mas nao foi.
Tentar recorda-los é morrer de saudade do que não viveu.

Não sou do tipo que guarda sonhos,
Existem pessoas que não passam de pacotes vermelhos de sonhos guardados.

Eu prefiro ser um saquinho de surpresas!

terça-feira, dezembro 26, 2006

risco e razão

vamos correr pra ver as fotos em movimento?
Corre você!
eu corro.
e seu olhar corre comigo
eu tento fazer o mundo girar
e você aprende a segurar o que escorrega por meus dedos

me jogo entre os carros
sento no meio fio
esperando
você lentamente caminha quando o sinal tá verde
A salvação é pelo risco disse Clarice Lispector
Eu grito isso no seu ouvido

não aprendi a calcular meus passos
nunca gostei muito de cálculos
Você nunca deixa entornar o caldo
Você sempre se deu bem com caldos
Me ensina.
E aprende, criatura!

Nem metades, nem extremos
somos um traçado de giz no chão
eu, o risco
você, a razão

quarta-feira, dezembro 20, 2006

uma ilha pode ser um mundo
é só você não parar de olhar pro chão
*
*
horizonte é para fracos
meu negócio é a verticalidade das coisas
*
*
só rimo céu
com suor (gosto de desafios)
*
*
coloquei três moedas no meu cofre
o mais precioso mesmo é a onomatopéia tintilante
*
*
boca cabe na cara
garganta é que precisa ser funda
Atenta
eu sempre fui atenta a coisa alguma
Eu queria ter pra quem dizer palavras de amor
a morte é mórbida e fria
folhas só caem quando eu tenho que limpar o quintal
a única molécula válida é a minha
há três garrafas em cima do muro, toma uma pra você
faz frio lá fora
comprei um casaco novo, parece lã de verdade
tirar foto é um saco, mas eu gosto
como pode ainda não terem matado esse homem
olha aqui, eu tô pagando por isso
meu, amor, meu amor, nunca te ausentes de mim
se você pelo menos aparecesse
tá nascendo uma espinha enorme na minha cara
nossa , que bebê lindo
eu queria viajar pro Paquistão
gente como esse povo consegue comer cachorro
tem tanta gente estranha no mundo
cansei
atenta?
balela!

ronco

faminta
minta
inta
intra
fome de dentro
come de fora
come
fome
como
passa
passa
manteiga no pão

domingo, dezembro 17, 2006

feminilidade posta a prova

é preciso povoar
admito com todas as minhas forças
urro numa voz sem sentido
é preciso povoar

preciso, certo, mas não para mim
sinto jorrar de minha uma linha vermelha
óvulo não fecundado
e a minha geração se esfacelando do outro lado da telinha

não sei se me louvo por limitar a proliferação dessa espécie
se me desespero por não dar chance
ou se admiro o movimento da infecundidade
ou se simplesmente me deixo seguir passiva diante do fluxo

lema

Pouco se aproveita das conversas cotidianas ou pelo menos pouco acho que se aproveita...
Mas dia desses ouvindo uma conversa pouco profunda. [Em geral eu ouço a conversa alheia com mais entusiasmo que as minhas próprias. Um voyerismo verbal]
Enfim, estava eu num churrasco e entre todos os excessivos barulhos, um senhor conversava sobre a família.
Meu pai quando chegava em casa, nós eramos 16 filhos. Chegava com duas lapas de rapadura. Daí pedia: Mulher me dá o facão! Ele pegava e tchum, tchum tchum e partia tudo e dava pra meninada. Minha mãe ainda questionava: Mas homê não vai guardar nada pra depois não?
Aí ele dizia: O que é pouco a gente não guarda
Se farta logo e se assossega
Guardei isso pra minha vida. Eu que sempre me preocupei em economizar sentimentos. Mania de ser reservado e se reservar. Já que a essência é pouca, melhor gastar logo tudo que viver a a vontade eterna de se usar.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Aos pés de uma parede sem porta.

Madura o suficiente para melhor aceitar um não.

Madura o suficiente para separar as coisas.

Madura o suficiente para encarar os fatos.

Madura o suficiente para empatar o jogo dos outros.
suficiente para abandonar o jogo quando convir, sabendo que vai perder.

Afinal, madura e experiente.
Experiências que só servem para legitimar mais uma portada na cara.

Liberal, sensata, moderna.
Receita para efemeridades.

Aceitou os nãos,
Separou as coisas,
Encarou os fatos,
Empatou o jogo,
Abandonou,
e perdeu de novo.

Perdeu a noção.

Mais uma porta fechada.
mais uma parede sem porta:
Fazer as malas e mudar o rumo:
Estou abandonando o jogo meu bem!
Madura?
essa maturidade já me deixou verde de raiva.

Cócegas.

Transgredir não é só superficializar.

carne e libido são quentes.
O suficiente para fazer ferver algo além de sexo
Nem que seja ferver os pêlos,
arrepiar.

Segundas intenções estão além das primeiras.
não se sustentam.
mas podem sublimar o momento.

Circunstância.

qualquer cenário, qualquer música de fundo.
e o efêmero quase dura pra sempre.

São as coisas efêmeras que dão saudade
são as coisas que dão saudade
que faz a gente saber decór.
e procure saber a etimologia da palavra decorar.

Todo coração é arcada dentária.
por mais duro que seja.
dói,
mastiga,
permite com que as coisas entrem.
abocanham o que faz salivar.

nunca sentiu cócegas nos dentes?
bate o dente, reclama
e morre de rir.
bater o dente enquanto beija
só é bom se for pra rir.
faz cócegas.


A superficialidade também pode fazer cócegas no coração.

domingo, dezembro 10, 2006

odontocardiologia

dentes,
a única parte do corpo que não sente prazer.
só faz sons estranhos,
trabalha
mastiga
rói
faz restos
se arreganha
se trinca
se esfarela
se suja
se lava
sente dor
dói,
mas não sente prazer

Então é isso!
O meu coração é uma arcada dentária

domingo, dezembro 03, 2006

linda

Indo pra rodoviária. Estava atravessando aquele mar de camêlos. Barracas vendendo de tudo. Tinha meia 3 por 5 para dar de presente pros filhinhos. Olho pro lado e tem a torre enorme. Tava meio nublado e a torre ficava imponente ali parada, apontando o céu. Um céu que os comerciantes de cds piratas de música gospel deveriam almejar. Eu andando ao som do pagode de Jesus. Mais uns passos e, dvd baratinho, vamo lá freguesa. De repente o moço começa a recolher os dvds estendidos num lençol. Parece que é fiscal. Anda homem, é fiscal. A moça de calça preta colada no corpo e celular pendurado no pescoço passa por mim correndo . Logo, ela já está voltando aliviada, alarme falso. A muamba volta pro chão. Agora já entoa um rap e bem perto umas correntes de latão brilhando na mesa. Havia bolsas, blusas, sapatos, remédio cura todos esses vermes. Aqui, pra acabar, cortador de legumes, você ainda leva um ralador multifiuncional. Mais bolsas, brinquedos, falsificações, cds, dvds. Agora a música já é outra um brega de corno, qualquer coisa melosa sobre a traição da amada. Bolsas, cds, uma esmolinha pelo amor de Deus pro pobre cego. Muita coisa, muita coisa e eu paro pra ver uma saia indiana. Quanto é?. É com ela que você fala. É trinta e cinco, essas duas aí. Ah, tá, brigada. Viro pra trás. Olha aqui moça, sem compromisso. Não, não obrigada, é que eu estou com pressa. Só faz um teste moça. Um senhor já meio grisalho, um macunaíma aposentado pega meu braço. As mãos meio encardidas. Aperta o spray de um vidro de perfume. Experimenta. Levo o pulso as narinas. Bom, né? Leva pra você fazer propaganda. Me estende o vidro com aparência meio gasta, com as letras do rótulo meio apagadas. Não obrigada, faço propaganda de graça. Então tá. Eu me viro rumando o semáforo fechado. Tchau linda! Tchau. Linda, linda era o nome do perfume...

sábado, dezembro 02, 2006

falsas sensações

flui
um som
maduro
de polpa firme
cor vistosa
como manga rosa
a faca talha um pedaço
a polpa e a cera do ouvido
...
nada

puro agrotóxico!

Sambemos!

Sambemos!
Porque a vida dança
ao som da cuíca
Batuque na mesa, amigo
Batuque na dor
pra sair som
de choro e a alegria
é coro,
é couro
de gato esticado
no tamborim

Sambemos!
Pra rasgar a sola,
o pé
e o chão
Pra chegar no inferno
E esfolar logo o corpo inteiro
E ver cada muscúlo pulsar
Quando a mão
atingir o pandeiro

Sambemos!
De um jeito novo cada dia
Com jeito de sempre
Assim como quem só dá um passinho
Mas se prepara para uma odisséia
Tracemos um rumo
num passo bêbado
de notas,
dessas estaladas

Sambemos!
E não ouse sambar por mim
Que meu gingado não é pragringover
é puro
puro
tum
tum
tum
e estoura!

(dedico esse poema mal talhado a todos os sambistas que nunca verão esses versos)
Feliz dia do Samba pra você também!

segunda-feira, novembro 27, 2006

Travessia

Acabo de descer do ônibus. Está um fim de chuva aqui fora. Só algumas migalhas de gota caindo, mas no chão todas as provas do diluvío. No asfalto, uma correnteza me propõe um desafio, então como chegar a calçada? Eu lembro daquela piada, porque é que a galinha atravessou a rua? Percebo que um tanto mal gosto da minha parte comigo mesma. Esqueço a piada e me deparo com minha sandália que acaba de rebentar. Ótimo, pelo menos já estou pisando na calçada. Adorei a sensação, pé descalço no chão molhado e assim no meio da rua. Me senti num primeiro momento revolucionária, uma desobediente civil que se recusa seguir as convenções sociais e se enquadrar no sistema. Depois de alguns passos de caminhada, de tanto inflar meu ego panfletário, acabei passando para uma análise mais intimista, e fragmentei minha experiência tentando criar um que impressionista. Atravessando outra rua me deparei com uma caroça. Gostoso foi escutar os barulhos do cavalo na rua enlameada. Cavalos me lembram expressionismo. Todo filme ou quadro expressionista tem que ter um cavalo no meio. Por isso às vezes me parece agoniante essas imagens de cavalo. Um pouco mais a frente um bom trecho de grama. E no meio do caminho me aparece uma poça e no meio da poça o caminho e no meio do caminho Drummond, só porque toda minha vida tem de ser entremiada de clichês. Culpa da cultura de massa, eu acho. Dou um salto e ainda encosto na borda da poça. Reflito o quanto de restos estava acumulado naquela água, prefiro me reter a detalhes mais líricos. Depois xingo algumas pobres progenitoras (palavra feia essa pra mãe) pelo pedaço de barro entre uma rua e outra. Nessa altura do campeonato meu pé já está vermelho e cheio de folhas. De repente, enquanto estou no meio do asfalto me aparece um senhor. "Podia chover forte assim era lá no interior do Ceará!". Sorrio. " É mesmo". Ele sorri de volta. Não consegui pensar em mais nada até chegar em casa e ligar a tv.

segunda-feira, novembro 20, 2006

frustração

Odeio esse jeito meio parnasiano
Essa mania de inventar estética
E cair na estética alheia
Odeio essa antropofagia cuspida
Essa mania de querer aborta bomba atômica
Com fósforo a mão

Esse ideal pequeno burguês me irrita
E me irrita essa frase clichê
Não que um grão de areia mude o mundo
Mas essa mania de pequinês pra revolução irrita também

Tem um mundo cheio de problemas aí fora
Eu cá cosendo pra dentro
Como se só minha alma passasse frio

Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhh!

gonia
go
go
não vou que eu não sou ninguém de ir...
(cantando e tentando sambar)

Desprovido

Odeio essa mania de esquecer
eu esqueço um tanto de coisas pelo chão
e esmago tudo sem querer
só me sobram migalhas na sola do sapato
É disso que eu quero viver?
Talvez precise mesmo é de aspirador de pó

domingo, novembro 19, 2006

Gr [AMA] tica

Quem vive de parenteses,
não sabe usar ponto final.
Maria...
É Maria por que é mulher.
e submete-se quando quer.

E se submete sim,
para não abrir mão de outras coisas.

Maria não se submete
Maria nunca se submete.
Só quando não se espera
Só se for pra surpreender.

Por que Maria é feminista
e quer as coisas ao seu controle.

Submete-se
pra não se submeter ao baixo.

Por que Maria é feminista
Não gosta de responder expectativas.
Maria não acredita no amor,

Submete-se
pelo seu ponto fraco.

Por que Maria é feminista,
mas sabe gostar profundamente,
e não tem medo de fazer o que gosta.

sexta-feira, novembro 17, 2006

Sinta-se a vontade

Sometimes...
Eu esboço...
um sorriso
um caso
um ponto
Sometimes, baby
Sometimes...
Eu finjo não ser daqui

Guenta a mão

Eu me encaminho pra janela
Penduro o braço
A mão acena para as cigarras
Havia cravos entre os dedos
Hoje, só flores na lapela
Isso que fazem com minhas revoluções
Isso que eu faço com minhas revoluções
No fundo eu é que não sei
não sei, não sei...
meter as mãos, as pernas, cabeça
No canto há um cinzeiro
Vazio, desuso puro
Pra que mais fumaça me inebriando?
Sabe, o mundo podia era acabar agora
Que eu pulava da varanda
Ao som de vidros quebrando
E fingia ter livre arbítrio

Não se mete!

Meti os pés pelas mãos. Perdi o humor, perdi a paciência. Fui com muita sede ao pote cheio e me empanturrei, enchi o saco. Não era sede.

Meti os pés na cabeça. Bati forte, tive quase-amnésia. Sem explicação e sem precisar ser entendida. Sentimento pobre de não-sei-oque, de juntar pedaços e formar qualquer coisa. Sem dadaismo, por favor, não vamos pseudo-intelectualizar. Estou falando de qualquer coisa que me faça sem educação, sem paciência, sem saco, sem humor... SEM!
Meti os pés numa cabeça cheia de vazios!

Meti!
E não há nada de ideológico nessa liberdade a qualquer custo. Nem vanguardismo nesse despudor gratuito.
Meti mesmo!
e não há nada de intelectual nesse humor de meter-lhe a mão na cara.

É só falta mesmo. Falta de motivos, paciência, referência, saco e amor. Amor não, HUMOR quero dizer. É só falta.

É verdade que não faço nada para mudar. Não há nada de triste nisso. E não deveria mudar mesmo.

Invenção de moda que deixam as coisas técnicas.
Despudor e feminismo exaltados que deixam as coisas fáceis e baratas.
Liberdade a qualquer custo que deixa as coisas chatas demais.
Não há nada de errado nisso. E eu gosto mesmo!
Não é nada!

Sobre Profundidade

Fazer um perfil de Astácia!

_Não, Astácia não só isso,
Astácia é profunda!

Para ser profundo,
é preciso superfície.
Para se contar quanto se tem até o fundo.

_Astácia não conta.
Astácia é o fundo.
Astácia é essencia, esquisitisse.

Astácia não existe!

_Antes, Existisse!

(Tóia/ Ana Rita)
Gosto mesmo,
e não me desfaço.

Mas lembra o que achamos da poesia que fazia tumtum?

Gosto mesmo, sorrio, mas custo a achar maturidade em onomatopéia de coração.

Aliás, quando eu tiver uma filha, irá chamar Onomatopéia de Coração.
fantástico, sorrio e não me desfaço.

quinta-feira, novembro 16, 2006

encanto bobo

Eu me apaixono por palavras e sorrio quando penso nelas ou quando elas se despejam na minha frente. Engraçado, bobo talvez, mas totalmente divertido. Outro dia me peguei pensando em frívola e firula. Duas palavras tão parecidas e tão distintas. Tem palavras que lançam coisas pela boca, frívolas firulas jogam no ar borboletas. Elas saem cuspidas, com as asas ainda molhadas , se se sacodem um pouquinho pra secar e por fim desaparecem. Gosto também de alecrim porque estala a língua quando falo. Um estalado doce e temperado. Às vezes me pego sentada rindo sozinha de uma junção de sílabas emolduradas por aí. Gosto mesmo e não me desfaço disso.
Já percebeu a graça na palavra Melancia? Descobri há pouco que tenho simpatia por essa palavra, ela me enche de imagens, e estranhamente me faz sorrir pelo seu verde e vermelho com pontinhos pretos. Com pontinhos pretos!
Bobagem... Bobagem! Só um segundo pra eu me recuperar desse sorriso bobo. Reprimir essa atitude piegas, pobre, infundada. Afinal, sorrir diante uma palavra? Bobagem...
É como poesias bobas de amor, eu também sorrio, as vezes, diante delas. É, é rápido para eu perceber o quanto são imaturas, mas as vezes, sorrio.
Como são infantis as poesias de amor, as que falam de primeiro beijo (arg!), os textos que usam demasiadamente a palavra coração. Melação desimportante.
Existem pessoas, que se engraçam até com rimas pobres. tenho mais coisa para ver graça. Gosto de coisas novas, que não se entende assim de primeira (acho que é disso que eu gosto). Infantilidade, irrelevancia, falata de maturidade, bobagem... Bobagem!
E afinal com o que devo me preocupar? Estruturas? Sou madura demais pra me engraçar com qualquer coisa!
Desde que descobri o ceticismo diante qualquer tipo de oração sobre o amor, diante sorrisos bobos, gostos, cores e cheiros, desde que decidi que é preciso intelectualidade e razão diante de afetos, não sei mais pra que devo sorrir. Só me preocupo com o util. Só me engraço com o complexo. Só sorrio quando quase não entendo.
Engraçado, né? tantas exigências para o belo. Acho que não sei nem do que eu não gosto. Talvez saiba o que eu não deveria gostar para parecer séria e madura.
Quanta bobagem né... textinho mais facil de entender, preciso ser mais complexa diante meus complexos. Humpf...

EGO NOMINAL

Tenho em mim um orgulho
infundado,
Uma satisfação
sem motivo.

Sei que nasci para isso
Mesmo que isso não seja nada.

Nasci para fazer o que faço
Mesmo que não saiba o que fazer.

Certeza de terminar bem essa história,
sabendo que nada me impediria.

Mesmo, que o mundo venha contra mim,
Ainda sou mais Vitória,
que qualquer outra Maria.

Feminismo barato.

Na primeira noite,
ele a deflorou.

Nas 3 noites seguintes,
ele a devorou.

Depois a chamou de puta,
e debandou.

Mas como todo animal,
ele voltou pra comer o prato que cuspiu.
Ela se serviu fria,
como de favor.

Na primeira noite
ela o completou.

Nas 3 noites seguintes
ela o comandou.

Depois o chamou de brocha,
e ele concordou.

Agora cospe de volta.
Como quem não quer nada.
Mas ela sabe bem o que quer.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Uma pinóia!

Baby, eu não sei ler jornal
não me encaixo em colunas
nem caibo em caixa baixa

Eu faço é revirar as páginas
atrás do meu paradigma
buscando tatear a minha vida

O que me faz respirar melhor
é que no mundo todo é assim,
as pessoas andam precisando de tudo mais concreto
Até as fronteiras andam menos imaginárias
e mais muro ultimamente

Culpa de tudo é a temporada de caça às raposas
Os inimigos são tão reais
que está fazendo medo
daqui a pouco acaba espelho

Oras, vou me livrar te tudo isso
Buscar minha a vida eterna
Eu fujo pra Guantanamo
onde anda difícil morrer mesmo
e mudo meu mundo
escrevendo poemas parnasianos

E que ninguém venha reclamar!

segunda-feira, novembro 06, 2006

tudo que pontua nossa escuridão

é pau, é pedra, é palha, é tijolo e pó
toda matéria no fim é composta de partículas essenciais
pensar assim me faz virar um pouco alquimista
e tentar fazer tudo vira outro tudo
é isso que falta,
a pedra filosofal
nada de best sellers ou auto-ajuda
só uma questão:
se eu fizer uma casa de átomos dá pra ver o sol?

nada mesmo nada

na verdade é tanto sentimento
e pouca coisa que sirva
materialismo é a solução?
sentimentalismo talvez?
e se não houver solução?
melhor esperar a poeira baixar pra reconstruir meu mundo
preciso acostumar meus tijolos a ficarem juntos,
só isso ou tudo isso
ou nada disso,
já que anda tudo confuso mesmo

experiência

põe o dedo no zero
e sinta o nada

terça-feira, outubro 31, 2006

fotografia

Eu e você de mãos dadas. Eu, pequenina de vestido vermelho e cachinhos. Você, o herói mais forte do planeta disfarçado de botafoguense. Eu nem sabia que a gente tinha que aprender a conter a felicidade. Niguém sabia naquele tempo.
Eu indicava o mundo e você me explicava. Você contava histórias e eu sonhava o mundo. Eu declamava versinhos e você aplaudia de pé. Você me levantava nos braços e eu aprendia a voar. Eu descrevia minhas lorotas e você apresentava suas utopias. Eu me desfazia em prantos e você tratava minhas feridas. Você comprava cajuína e eu bebia doce. De repente, sua mão soltou da minha e tudo ficou tão brusco.

para conclusões precipitadas

não se iluda,
você não é interessante o bastante
e eu realmente não gosto de você.
não há amor,
é autoflagelação

você não me provoca calafrios,
não acelera meu músculo cardíaco.
é que eu preciso me sujar de vez em quando
e você precisa de sexo

não venha me chamar de fria
você só queria mesmo mais conveções sociais
e eu não faço questão de castidade,
o pecado me humaniza

olha nem faz diferença sua presença.
não se incomode.
vá embora quando quiser,
nem precisa bater a porta
que eu já sei costurar minhas entranhas.

chorumelas existenciais

Astácia acena no vento
Espera abrir a porta
Contorna a multidão
E entra no ônibus

Astácia enxerga recortes de Le Cobusier pela janela suja
As linhas dos prédios lá fora
As tortas diagonais dos braços ali dentro

Astácia quer chorar
contem-se apertando a barra de ferro

Astácia avista a chegada
Puxa a corda
E cambaleia até a porta


Astácia desse do ônibus
atravessa o asfalto áspero
e senta na grama
sem vontade de exitir

Astácia está acabada
água e sal
e vontade de se perder no horizonte

gênese pós moderna

Um dia a Criação encontrará o Apocalipse
Haverá uma noite ardente
E em seguida uma fusão de gametas
Que formará um zigoto
de massa tão densa, mas tão densa
Que explodirá num big bang
E nascerá um universo
E haverá mais e mais noites ardentes
Para no fim
a Terra se povoar de pessoas infinitas

sábado, outubro 28, 2006

sintaxe: são dois pra lá dois pra cá

os que se incluem nas rodas sociais: sujeito simples
os que preferem batucar na ponta da mesa : sujeito composto
os que engolem bilhetes de guardanapo: sujeito oculto
os que se despem do salto: sujeito desinencial
os que sabem filosofar etilicamente: sujeito indeterminado
os que são puramente descrentes: oração sem sujeito
eu, nem danço tango, nem falo alemão
sujeito-me

sexta-feira, outubro 27, 2006

girada gargalhante.

Eu deslizo e giro, giro, giro, giro, giro.
Paro e a tontura gostosa me persegue, fica grudada em mim.
You know, dear Watson*.


De muito tonta, me resta cair no indefinido e rezar para que seja macio.
Acabo dando gargalhadas freneticamente e voce me olha com esse sorriso, assim eu desabo. Ah.!







*dear Watson: o meu ego masculino, amigo do Sherlock Holmes. Elementar, minhas caras.
(incrivel como o dear Watson me entende e sem que eu lhe revele uma letra desse mosaico marinesco)


Ana,
postei, viu?
tarefa de sexta a noite.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Diz 33 senhor blog
senhor blog, diz 33!
senhor blog?
Gente alguém faz o favor de escrever e dar oxigênio para esse pobre blog abandonado!

domingo, outubro 22, 2006

o alfabeto organiza
eu uso máquina
ser não-orgânico
desorganizo

recortes de Astácia

A câmera é fotográfica, o relógio é de pulso, a TV é a cores
Astácia queria pilhas e parafusos para ter um adjetivo
*
*
*
Astácia era só coxas. Ela queria ser coração. Mas como pode existir algo que ninguém vê?
*
*
*
pinacoteca. retratos expostos. pura técnica emoldurada. muito vinho. pouca curiosidade.
Astácia queria ser um daqueles rostos.
mas não era.
Astácia nem cabia num quadro.
era o que ela achava enquanto construia seu ego.
*
*
*
Os amores de Astácia não passavam da epiderme. Antes namorar um bisturi. Para sentir um friozinho por dentro da carne.
*
*
*
A chuva cai. Os guardas-chuvas arrombam o ar. As poças habitam as calçadas. As janelas sufocam as pessoas. Astácia é a única que molha os dedos e se embebeda.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Pura agonia

Astácia adora xícaras geladas de café. Insistiam em lhe oferecer um bule fumegando, desenrolando fumaça no bico. Astácia então tomava café devagar pra degustar a goles frios. A mãe de Astácia reclamava de sua demora e ela bebeia tudo numa só vez pra agradar. De tanto a podarem, um dia ela se revoltou e decidiu que não tomava mais café. Ela fazia, no entanto, questão de fazê-lo e inebriava a espinha com aquele vapor quente. Fazia questão de servir as visitas. Depois sentava ansiosa no banco da cozinha. No fim da conversa, lá ia Astácia recolher as xícaras, com um sorisso nas duas pontas das orelhas. Ela então se agachava num canto e extrai de cada xícara algumas gotas frias e derrama na mão. Astácia saciava seus sonhos escondida. Só odiava visitas faladeiras porque aí o café secava na xícara.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Método para autodestruição

se todos os absurdos acontecem na sua vida
vai respira fundo
se todos os erros se jogam no seu caminho
vai respira fundo de novo
se as situações cômicas selecionam você como protagonista
vai respira fundo mais uma vez
se tudo converge para a mais funda superficialidade
vai respira fundo e dessa vez com gosto

"Na volta do oxigênio à célula, os resíduos reagem com esse oxigênio,
formando radicais livres em excesso e estes aceleram a morte celular"

domingo, outubro 15, 2006

História de gaveta

Outro dia resolvi começar a colecionar pequenas coisas, essas que a gente por pena esconde no fundo da gaveta. Eu fui então juntando aos poucos. Um dia catei confetes persistentes no canto do quintal. Depois recolhi fitas de saco de presente, ainda com marcas de unhas ansiosas. Guardei também panfletos recolhidos no semáforo com as digitais de esquecidos pela mídia. Em um recipiente de plástico, esmaguei algumas formigas com cheiro de capim. Recolhi também pacotinhos de chá, uns usados com aroma de saliva, outros novos com aroma de erva e metal. Por fim acabei desistindo quando me peguei guardando num saquinho restos de naftalina. Os meus desejos de guardar efemeridades estava ficando concreto demais!

quinta-feira, outubro 12, 2006

Estudando o espetáculo (ou pseudointelectualismo de arquibancada)

O palhaço
tem uma meta:
meter um riso
na cara alheia
Oras, não admita
porém, que ele
seja a criatura
mais feliz da terra.
protagonistas da piada
são os mais tristes poetas

Felizes os mágicos,
eles sabem o que é ilusão

Felizes os malabaristas,
Eles sabem mexer com fogo

Felizes contorcionistas,
Eles sabem se virar

Felizes os trapezistas,
Ele tem rede para aparar a queda

Feliz o apresentador,
Ele conhece o gran finale

O mundo é como se fosse
uma bola de algodão doce
tem que abocanhar logo.
quando se passa tempo demais
admirando seu rosa chiclete
ele já sublimou
e foi-se
doce, doce...

Os mágicos são mártires:
eles desvendam os truques
para que nós vivamos a mágica

ô bailarina,
me ensina o seu segredo
de não cair na corda bamba
que minha vida anda um trejeito
que eu nem sei bem direito
o que é corda e o que é queda

Alguém me acode:
sumiu um personagem do meu espetáculo!

Prosa pra circo
Fui dia desses num circo. Era lindo tudo aquilo era como se alegria se estendesse no meu peito. Tão mágico o circo! Tão feliz tudo! Eu me apertava contra cadeira, e era só meu susto com o fogo dos malabares. Senhoras e senhores, meninos e meninas de todas as idades... Meus suspiros a mil! Olha o amendoim! Um menino magrinho me oferece um papelote cheio de amendoim torrado. Eu aceito doe-lhe uns trocados e ele segue entre as fileiras sem ver o estonteante show das motos no globo da morte. Logo em seguida me entra o mágico. Quase lhe pedi: Moço me faz um mundo em que ninguém precise entrar por debaixo da lona!

Os cavalinhos do circo sabem saltar
O elefante levanta a bola
Os macaquinhos fazem mil e uma firulas
E o urso dança fazendo show
Será que continua detrás das grades?

Conversa de inconscientes

- Odeio seu materialismo sistemático
Odeio a matematização do mundo

- Arri! Deixa a poesia do circo.
Guarda suas mágoas debaixo de outra lona!

- E seu disser que meu lirismo virou água

- Doe guarda-chuvas, oras! Que culpa o apresentador tem.

- Os melodramáticos me enojam! Faça novela, não poesia, oras!



PS: Pit adorei seu texto! Perdoe as bobagens que escrevo a partir do seu tema, só fico externando meus sentimentos bobos nesse emaranhado de letras sem graça. Liga não que jornalistas são assim mesmo, ou eu sou assim mesmo tentando ser poeta nas horas erradas.

quarta-feira, outubro 11, 2006

Pra dor, amigos

(Mesmo que vocês reclamem eu escrevo pra lhes agradecer)

Chorar ajuda
Gritar ajuda
Cantar ajuda
Dormir ajuda
Respirar ajuda
E amigos,
amigos quase curam
porque
desatam,
desandam,
desmandam,
desmancham
e constroem
um mundo quase sem dor
porque amigos,
os melhores mesmo,
não guardam quase nada de perfeição,
são pura piada pra alegrar meus dias

Passa Mertiloate!

(à Ana Rita, a santa forte desta puta triste.)

A Verdade é que a dor vai...

e fica a saudade.

Não, Rita a saudade não cicatriza.
não cristaliza.
não estabiliza.
não,

ela é a cicatriz.

é como as cicatrizes quase apagadas da infância.

São as maiores que trazem as melhores lembranças...
Não incomodam,
relembram cada um dos duros tombos,
e então, consequentemente
voce lembra de cada vez que você levantou
chorou, suspirou, sorriu
e seguiu em frente...

já que é sobre dor

dor
Como imaginei que poderia não sentir saudades?
Ainda que não acreditasse no amor , sabia que havia pessoas que eu amava muito.
Meu coração doi de saudade.
Doi de vontade de um abraço profundo.
Doi

terça-feira, outubro 10, 2006

eu quero ver.

eu quero ver o seu sorriso
eu quero ver os seus pulos
eu quero ver as suas performances
eu quero ver seus olhos procurarem livros interessantes
eu quero ver o nosso sorvete
eu quero ver seus cachos sacudirem novamente
eu quero ver nossos refrescos
eu quero ver a sua cara de aprovacao dos meus escritos
eu quero ver tudo colorido e cheio de bolinhas com voce



eu quero, tambem, dizer que te amo e que quero ver isso tudo. De novo!

segunda-feira, outubro 09, 2006

Odeio essa dor que dói
pra que servem os avanços tecnológicos
se nem isso conseguem curar?

Saudade

imagine aquela injeção pra gripe
imagine aquela mordida de irmão mais novo
imagine aquele salto fino no dedão do pé
imagine aquele canto de mesa na canela seca
isso é dor

imagine aquela foto sorrindo na praia
imagine aquela cantiga de dormir
imagine aquela farofa de ovo quando mamãe viajava
imagina aquela tentativa de ser super mais nem tanto
isso é saudade
Ame
Dê vexame
me chame
pra banhar na chuva
Cante
Mexa o nó na garganta
E faça tudo isso agora!
Sim, senhores
passará mais rápido do que você imagina
o tempo de conseguir a abraçar um amor

quarta-feira, outubro 04, 2006

alcance sua felicidade?

Ontem eu estava na livraria. Passando pelas estantes me prendi a um livro de auto-ajuda, algo do tipo alcance sua felicidade, seja feliz mais rápido, nessa direção o título. Eu fiquei imaginando, que coisa essa fixação por encontrar a felicidade. Aí eu fico me perguntando se é mesmo de felicidade que a gente precisa. Então e se todos fossemos felizes como seria? As pessoas sorririam as 6 da manhã umas pras outras e iriam fazer piada de que? Realmente o que seriam das piadas se as pessoas fossem todas felizes, não teria graça, nem valeria a pena criar trocadilho e maquinar peças, se todos já estariam lá sorrindo.
Por isso que eu odeio livros de auto ajuda. Eles tentando lá corrigir as melhores imperfeições humanos e fazendo pílulas verbais pra solucionar a vida. Muito melhor tudo equacionado, e o eterno desafio.Viva os matemáticos fracassados! Eles sim mantêm os dilemas e semeam as dúvidas para manter a felicidade viva, sem matar o bom humor.

terça-feira, outubro 03, 2006

Resolvi mudar a cor do esmalte. De sempre branquinho para vermelho sangue. Diferente de vermelho vestido mônica. Vermelho sangue. Porque ele pulsa, sente. É vivo. E escondido nessas luvas brancas causa algo estranho. Curiosidade, talvez. E quando eu as tirei, eu vi no olhar dele que queria ver bem mais que as unhas. Que a mão. Que o braço.

Eu que não sou santa, sorri.
Mas uma outra, com unhas branquinhas, havia chegado primeiro.

Eu que não sou boba, saí.




***


Bueno,
o que passa e o seguinte: eu nao sei fazer poesia. Assim, nao sabendo. A coisa toda e prosa, mini prosa, brincadeira com prosa. Prosa.
E o meu teclado nao tem acento. Ridiculo, aff! Fazer o que? Escrever no word e colar aqui.

espero que gostem.


ah, obrigada pelo convite!
Não quero sexo, meu amor
Eu quero é sinestesia!

domingo, outubro 01, 2006

Pensando na cozinha

As geladeiras também amam! Sim, meus amigos, descobri isso dia desses. Não imaginem que elas amem pigüins ou freezers, eles são muito plástico e metal. As geladeiras amam os azulejos.
Imagine a frieza do azulejo tocando nos pés 360º de uma geladeira. E como os azulejos entendem de geladeira! Oras, eles a observam de todos os ângulos e lhe conhecem das partes mais pálidas e lustrosas a seus emaranhados de fios empoeirados. E os azulejos sonham em poder envolver completamente a geladeira, sonham em estar com ela numa cozinha de 1 metro quadrado. E as geladeiras, essas também sonham, elas imaginam azulejos de todas as texturas e cores possíveis
Mas no fim, não há amor ardente, nada acontece direito, os dois são retângulos demais!

sábado, setembro 30, 2006

Os Dias

Os Dias frios
Em que eu ficava presa à janela
Achando que o tempo podia parar

Os dias frios
em que o barulho das folhas
infernizava minha vida

Dias frios
em que eu acreditava
em nada

Dias Frios
quem eram escuros

Dias tristes
que eram frios

raios de sol congelados
pela minha frieza.

ensaio sobre vida pública

bom dia
[quero a sua lígua
agora, na minha boca fria]
tudo bem?[quero suas mão
agora, nas minhas coxas quentes]
Ai,
quanto prazer
se perde com ritos sociais...
o céu acordou róseofragmentos de nuvem fingiam querer existirde resto tudo normalmesma cama, mesmo lençolmesma casa, mesmas paredes brancasmesmos desenhos na portae um imenso adesivo na estantee uma textura, uma textura...
Meu Deus,semearam meu quintal!
já a mim falta preenchimento.

e mais alguma coisa que eu não sei o que é.

quinta-feira, setembro 28, 2006

meu batuque

Ando cá
sambando sozinho
batucando nas minhas idéias
porque avenidade está cheia
mas meu mundo vazio
não, o que me falta não são amores,
quer dizer, também,
o que me falta é espírito
fora do corpo
pra eu poder sambar
sem botar os pés no chão

Amor sangra mesmo

Meu prato sempre veio crú
porque de paixão sempre quis ver o sangue
É, podem falar o que for de mim
Mas ser romântico sempre foi me expor
Entre as coxas, entre as coisas

As minhas veias sempre foram misturadas
as minhas células são todas tronco
prontas para serem o que quiserem
e me confudirem
pra não saber se é meu,
ou dos outros o que corre em mim

Bula

Para amor
antiácido
Para amar
ácido
Porque dói e as vezes não enlou(a)quece o bastante

PS: Romantismo não se cura, se remedia

Sobre as coisas bruscas

O que esperar de quem não tem histórias de amor pra contar.

Todo romantismo que há em mim
é medo

Meu amor esconde-se
por traz de uma puta triste.

esconde-se de quem não me vê.
e só.

sobre as coisas bruscas,
ando prefirindo coxas à coração.

e isso me protege do que é maior que eu.

por essas,
tento desconstruir,
porém sem me libertar,
a taquicardia,

e a artéria que sinto pulsar é outra.

mentiras

eu puxo a cadeira, mas não tenho nada à dizer.

Acontece que romantismo machuca...
muito mais que a violência
e a falta de pudor...

faz falta enfartar de amor.

o romantismo me machuca!

é que quando pedi amor...
me trouxeram um prato crú
frio...
sem sabor nenhum!

quarta-feira, setembro 27, 2006

Só porque falaram dos meus suspiros

Oras, largue meu romantismo no meu canto
Puxe uma cadeira e venha me falar da suas coisas bruscas
nossa, não assim
deixa eu respirar primeiro
você que me enfartar?
eu quero me enfartar sozinha,
dá licença?
Estou farta de precisar dos outros até pra sofrer!

PS: Sem rancores só versos mesmo, ok?

segunda-feira, setembro 25, 2006

Sem barreiras.

Ouso abrir suas pernas
mergulhar minha cara
encher a boca.
Ouso mesmo porque sem ousadia é sem graça
porque assim dá MAIS prazer
Ouso ainda cuspir-lhe na cara
pra você perder a vergonha
e se endeusar,
ao meu gosto, e gozo, claro.


(já me permiti ritinha, e devo dizer-lhe que gosto muito da sua maneira também!)
o texto é vermelho por que sangrou ok?
Nem deflorar
nem romper barreira de flores...

sem romantismo por favor...
sem falso moralismo...

quanto a cuspir na cara...
acho bem interessante!

se me permite reescrevo e proponho isso pra cada um da sua maneira reescrever ( se a ritinha permitir é claro) de sua maneira como "deflorar" , descabaçar, iniciar o blog.
mexe,mexe,mexe
Chacoalha que sai alguma coisa
droga! Nada?!?
inspiraçãoão...
odeio a TV!

Rompendo a coroa de flores

Ouso deflorar-te
mas por parte
que é bem mais interessante
Ouso mesmo
porque sem ousadia é sem graça
porque só assim dá prazer
Ouso ainda
cuspir-lhe na cara
pra você criar vergonha
e não se endeusar

domingo, setembro 24, 2006

alguem chama o cirurgiao plastico?
merda!
computador nao resolve... nao resolveee
enfie um dicionário nas veias desse blog comecemos direito e com toda metalinguagem que podemos. Prefiro palavras a drogas, se bem que as vezes dá na mesma!

*Só pra constar, amigo de índio um pouco de índio temSe minha família é antropófaga, a sua também
meninas...

antropofagia nao necessariamente tem a ver com índio...

não há nada de mal nisso...

nada...

eu vivo mastigando gente e engolindo os pedacinhos...



*** Tóia
esse blog precisa mesmo é fumar...

usar drogas ...

comer gordura trans...

onde já se viu um blog assim:
dando conta de tantoossss 33...

e sem pegar folêgo...
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3333333333333333333333333333333333333333
digamos que ninguém controla a arte...
trinta e tres
então tá respirando?
diga 33 senhor blog...
mas então...
é isso?