quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Poema antingo escrito as vésperas do ano novo numa caderneta amarelada e caneta falhando

Desejos pueris

ano novo, vida nova.
há muito que as boas surpresas
se represaram do lado de lá.
de natal pedi um martelo
e de ano novo peço atitude
para molhar os pés e quebrar essa barragem.

ando precisando de um ano encharcado,
encharcado de desejos
desses que tiram o sono da gente.
preciso de um ano que não me deixe quieta,
que me faça levantar as pernas
e dar a língua para a tristeza.

ano novo que venha abençoado
pelas forças ocultas que moldam
o crepitar das coisas.
quero isso crepitar, levitar estalando.
com todo o sentido descordenado

me tragam na mesa um ano novo
que não me farte,
que aumente minha fome.
quero uma grande euforia, uma pândega só!

preciso de um ano com cara de ciranda
que me tire as sandálias
e me faça rodar e cantar.
esquecendo do ano, esquecendo da roda...
até cair em si
com cabeça tonta e feliz.