terça-feira, outubro 31, 2006

chorumelas existenciais

Astácia acena no vento
Espera abrir a porta
Contorna a multidão
E entra no ônibus

Astácia enxerga recortes de Le Cobusier pela janela suja
As linhas dos prédios lá fora
As tortas diagonais dos braços ali dentro

Astácia quer chorar
contem-se apertando a barra de ferro

Astácia avista a chegada
Puxa a corda
E cambaleia até a porta


Astácia desse do ônibus
atravessa o asfalto áspero
e senta na grama
sem vontade de exitir

Astácia está acabada
água e sal
e vontade de se perder no horizonte